sábado, 27 de julho de 2024

Reis enferrujados? Que nada!

Durante os dois anos do auge da pandemia do Coronavírus, angústia e ansiedade foram os sentimentos compartilhados pelos dois principais personagens da festa das Cavalhadas de Pirenópolis, o rei Mouro, Inácio Rosicler de Pina, e o Cristão, Adail Luiz Cardoso.

O primeiro tem oito anos de trono e confessa que passou o período de recolhimento pensando em como seria voltar a brilhar no campo de batalha. Mas, não dá o braço a torcer quando perguntado se estaria fora de forma: “Nasci pronto para desempenhar esse papel. Não deixei de montar, fazer manobras e cuidar do meu cavalo”, explica Inácio, o dono do uniforme vermelho.

O Cristão, que ostenta a brilhante indumentária azul, desempenha o papel há 20 anos e não tinha certeza de quando o espetáculo ia voltar ao calendário dos festejos Pirenopolinos. “Estou sempre na ativa, com o cavalo. Certeza que não enferrujei. Quando entrar no cenário eu assumo o personagem do rei num segundo”, conta Adail.

Antes da bela encenação, eles vão se encontrar para um ensaio geral para que tudo saia perfeito como sempre foi. Os dois se encontram 40 dias depois da queima de Judas. A festa das Cavalhadas será realizada este ano no Modo Esportivo, entre os dias 5 e 7 de junho.  O local foi escolhido pela população, já que o Cavalhódromo, palco original do evento, está interditado pelo Corpo de Bombeiros porque necessita de reforma.

Enquanto o ensaio e a festa não chegam, hábeis bordadeiras fazem o reparo nos uniformes do reis adversários. São lantejoulas, purpurina e outros acessórios de brilho para a perfeita caracterização. Roupas que roubam a cena no desfile que os cavaleiros fazem a partir da Igreja do Bonfim, onde vão pedir a bênção, e depois no campo de batalha. Espetáculo de brilho, cor, tradição e, desta vez, de retorno às tradições interrompidas pela pandemia.

As Cavalhadas fazem parte da Festa do Divino Espírito Santo e são inspiradas em manifestações similares de Portugal e da Espanha, na Idade Média. São encenadas há mais de 200 anos em Goiás e representam as batalhas entre Mouros e Cristãos durante a ocupação da Península Ibérica, entre os séculos IX e XV.

 

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Este post foi escrito por: Britz Lopes

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