sábado, 27 de julho de 2024

Síndrome de amor e música

 

Durante o pré-natal da pedagoga Marla Andreia Fernandes de Souza Amaral, os médicos não detectaram nenhum problema com o seu primeiro bebê. Quando Valentina Fernandes do Amaral chegou, foi diagnosticada com Síndrome de Down, para surpresa da mãe e do pai, o músico Maxwell Amaral. Apesar de a criança ter apresentado poucas comorbidades e não ter cardiopatia, a notícia estremeceu a família, que não estava preparada para lidar com a alteração genética da filha.

 

Foram correr atrás de informações e adaptar o cotidiano para criar Valentina da melhor maneira possível. Maxwell, que se formou em Educação Artística – habilidade música, na UFG (com mestrando pelo IFG) e é exímio trompetista, estudou a fundo as terapias que poderiam garantir qualidade de vida para Valentina e descobriu que a resposta estava no que ele melhor sabe fazer. Passou a conciliar seu trabalho como professor e maestro com um mestrado voltado para a educação musical e inclusão.

 

Quando Valentina completou dois anos, foi apresentada aos instrumentos pelo pai, e sua queda foi mesmo pelo teclado. Passados dez anos, as respostas são impressionantes: melhoraram a coordenação motora, a memória, a fala, o raciocínio lógico, a rapidez e ela perdeu muito da timidez, além de estar muito mais sociável. É outra garota.

 

A terapia de resultados a que é submetida em casa ameniza as dificuldades que Maxwell e Marla sempre tiveram no difícil caminho de encontrar uma escola para a filha. “Escola inclusiva é problema. Muitas se apresentam como tal, mas ficam só na teoria”, relata o pai. Valentina já passou pelo Sesc e hoje está estudando no colégio militar Vasco dos Reis, que deveria ter professor de apoio para alunos especiais, mas não tem. A família entrou com um processo, ganhou, mas ainda aguarda uma solução.

 

O caso do sucesso de Valentina e o esforço do pai com suas pesquisas na área da formação musical inclusiva vão ajudar muitas crianças com Síndrome de Down. Maxwell, que é monitor da Rede Municipal de Núcleos Musicais da Prefeitura de Goiânia, e professor das turmas da Musicalização Inclusiva, projeto cultural que atende crianças e adolescentes com a mesma alteração genética.

 

Eles têm aulas presenciais gratuitas nos cursos de violão, violino, viola clássica, saxofone, flauta transversal, musicalização, canto coral, flauta doce e teclas (teclado, piano e cravo). Por enquanto são apenas oito vagas, mas a intenção é aumentar esse número de acordo com a demanda. Assim o pai segue compartilhando sua experiência; fruto de dedicação e amor incondicional.

 

Musicoterapia – Há vários estudos aliando a psicomotricidade ao ensino da música na educação básica para crianças com Down. E os resultados apontam que, envolvidas com atividades musicais, elas também se sentem mais aceitas por parte das demais crianças; incluídas no grupo como um todo, conseguindo se enxergar como indivíduo.  Outra influência positiva é o aumento do nível de apreensão e concentração.

 

Saiba mais – A Síndrome de Down, que não é uma doença, e sim uma alteração genética, foi caracterizada pelo médico inglês John Langdon Down, em 1864, como mongolismo, pelo fato de apresentarem semelhança facial com as pessoas de etnia mongol. É também conhecida como Trissomia do cromossoma 21 e sua causa ainda não é conhecida, mas pesquisas apontam que mães com idade superior a 40 anos têm mais probabilidade de darem à luz crianças com a Síndrome.

 

Avatar

Este post foi escrito por: Britz Lopes

As opiniões emitidas nos textos dos colaboradores não refletem necessariamente, a opinião da revista eletrônica.

Deixe uma resposta