sábado, 27 de julho de 2024

Sugestões de censura para a próxima eleição

 

Marcio Fernandes – Depois de o TSE ter imposto, neste segundo turno, protagonismo aos dois candidatos a presidente, imagino que a corte, naquele imenso palácio de vidro horroroso, vai sentir vazio de poder depois do 30 de outubro. Terminada a Regência Provisória da Democracia do TSE, não vai haver a quem censurar. Para espantar a modorra, aqui vão algumas sugestões de providências simuladas de grande resultado à futura governança do processo eleitoral.

 

Primeiro, acho de boa iniciativa elaborar uma reforma étnica na urna eletrônica. O TSE deveria retirar a opção do voto em branco. Mesmo que ele não valha nada, como o nulo e a abstenção, votar em branco é uma expressão de racismo intuitivo sobre a qual a corte deve se debruçar e combater para aprimorar o gerenciamento democrático das próximas eleições. No lugar do branco, eu que sou meio escurinho, sugiro adotar a opção caburé. Se houver algum conflito de interesses com o pessoal da linguagem neutra, o presidente da corte resolve com a expedição de memorando a determinação de “caburea”.

 

Também na linha de alteração conceitual, o TSE tem de dar uma peneirada fina nas campanhas quando usam a palavra jovem. Nada mais me mata de antipatia do que assistir na propaganda eleitoral a proposta de capacitação do jovem para retirá-lo do mundo das drogas. No direito civil brasileiro não existe jovem. Nas duas primeiras faixas etárias, o indivíduo é criança e adolescente. Depois, o excomungado é adulto e idoso. Outra expressão a ser censurada é o trazer o desenvolvimento para áreas mais carentes do Brasil. Promover o desenvolvimento é uma platitude de poderes fantásticos, especialmente em um País que não desconfia do quanto é subdesenvolvido e desqualificado até para fazer campanha eleitoral.

 

O TSE deveria proibir os candidatos de dizer que sua pretensão sincera é dirigida para melhorar a minha vida. Vá plantar banana no brejo! Não quero que você melhore minha vida, como não quero que você cuide da família. Isto é função de pai e mãe. Outra coisa que o TSE deveria passar no coador das expressões censuráveis é a tal proposta de pôr a comida na mesa do pobre e fortalecer a agricultura familiar. Excelentíssimo regente, pense bem, ninguém aguenta mais ouvir isso.

 

Os dois candidatos ao Palácio do Planalto prometem que vão limpar o meu nome. Desde quando é função do Estado usar dinheiro do pagador de impostos para resgatar dívida pendurada de pessoas e empresas? Não tem cabimento, regente! Tem de censurar! Essa conversa de candidata do sexo feminino que se apresenta em propaganda eleitoral com a convicção de que ela é mulher guarda uma desfaçatez de dar indigestão em Sal de Andrews. Infelizmente, o papo furado não foi censurado pelo vosso juízo, mas tudo pode ser melhorado na próxima Regência Provisória da Democracia.

 

Pelo bem dos meus filhos, pela pequenez do meu Brasil, pela minha falta de palavra com grande amigo, eu vou votar nulo no domingo. Como não estou em nenhuma rede social e não participo de grupos no WhatsApp, o bombardeio bilateral de notícias fraudulentas não me atinge. Vou votar nulo por acreditar que o futuro do Brasil é piorar sempre. Pelo fato de meu candidato ter perdido no primeiro turno. Por ter antipatia dobrada do Bolsonaro e por não acreditar em nada do que o Lula fala. (Marcio Fernandes é jornalista)

 

Foto: Marcio Fernandes

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Este post foi escrito por: Marcio Fernandes

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