sábado, 27 de julho de 2024

Surtos pandêmicos! Quem não?

Levanta o dedo quem também surtou nessa pandemia e fez alguma coisa que não faria em tempos normais. Eu fechei as portas da sacada no primeiro dia do lockdown, cerrei as cortinas, e fui para o quarto esperar a morte. Antes, elaborei testamento de próprio punho. Sobrevivi e descolori completamente o cabelo e, por pouco, não gastei compulsivamente todas as minhas economias com compras na Internet. Conheço muita gente que chegou perto de bater nas portas do AA.

As normas ilógicas do isolamento ajudaram a formatar comportamentos adversos. Por exemplo: evitar aglomerações, mas sem ninguém para atender ao telefone, mesmo que remotamente, impedindo qualquer solução para problema mais que urgente. Só o amigo WhatsApp já havia sido vacinado de fábrica, ainda que com lentidão injustificada. Outra: limitar horário de funcionamento. Ora, daí, no tempo determinado para o estabelecimento ou serviço, ia todo mundo de uma só vez… E por aí vai. Houve quem aguentou como pode, mas a maioria buscou bengalas para não enlouquecer na tentativa de entender o que estava acontecendo.

Uma coisa é certa. O Coronavírus fez todo mundo descer do salto. Advogada de celebridades, Darlene Liberato foi uma delas. Surtou quando o pai testou positivo e desabou quando perdeu a mãe para a doença. Mas o trabalho teve de continuar, remoto. Fez audiências de abadá antigo com batom vermelho de gritar, de camisola de cetim com cachorro no colo, de pijama de seda com colares girantes – uma de suas marcas registradas.

Trabalhador e quase comportado em tempo integral, o cabeleireiro Éder Bueno diz que, de anormal mesmo foi não fazer nada – ele nunca curtir, nem compulsoriamente, o “dolce far niente.” Conta Éder que tanta gente descobriu um talento novo… “Eu descobri nada. Tinha de me reinventar e não inventei nada”, brinca, reforçando que só serve mesmo para cortar cabelo – e bem, diga-se! Passou os dias do auge da pandemia tentando proteger a sua mãe.

Ele pegou o Corona, não teve muitas complicações, mas sentia o vírus circulando dentro de seu corpo. E dá-lhe alucinações que varavam a noite. “Eu brigava com o vírus, lutava contra ele pra não entrar no pulmão; tipo Vickings. Era uma luta medieval mesmo. Muito doido!” Conseguiu passar de fase nesse videogame da vida real. Um sobrevivente; ainda bem!

Marcílio Lemos e sua nova amiga

 

Boêmio assumido, o arquiteto Marcílio Lemos passou a receber, com cautela, os amigos em casa. Aperfeiçoou as receitas, inventou comidinhas diferentes. E, como a ideia era fazer a linha “lar doce lar,” o jardim externo foi parar dentro da casa, obedecendo a proposta urban jungle. De diferente? Adotou uma Dálmata, a atual melhor companheira Yayoi, em homenagem a Yayoi Kusama, irreverente artista plástica japonesa.

Christiane Santos: horas de viagem via terrestre

Empresária que já deu o equivalente a várias voltas ao mundo a bordo de aeronaves, então, sem muita intimidade com asfalto e pneus em terra, Christiane Santos não poderia perder o aniversário de um amigo em Vassouras, Rio de Janeiro. Morrendo de medo de pegar Covid-19, fez de carro os 1.273 quilômetros que separam o município de Goiânia; aproximadamente 14 horas de viagem isentas de contatos imediatos com outros grupos.

Lucilene Dutra: pé no chão

Já a Lucilene Dutra não teve tempo para paranoias. “Sou pé no chão! Na realidade não pude enlouquecer. Tive que ficar firme, pois meus dois netos nasceram neste período de pandemia.” Ela se trancou com os filhos, nora e os bebês e se mantiveram isolados por bom período de tempo. “Mesmo assim minha nora ainda se contaminou, mas sem graves consequências para ela e o bebê.”

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Este post foi escrito por: Britz Lopes

As opiniões emitidas nos textos dos colaboradores não refletem necessariamente, a opinião da revista eletrônica.

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